De onde virão os terneiros?

Ciclo de palestras e dias de campo quer despertar para questões futuras na produção de carne gaúcha.
A preocupação do Sistema Farsul com a inferior produtividade do rebanho gaúcho frente a excelente capacidade da região em otimizar recursos cultivados, gerou a necessidade de realizar uma série de encontros de transferência de tecnologias em criação para pecuaristas de diversas regiões do Estado.
Anualmente as áreas com florestas aumentam em média em 100% e as lavouras de verão cerca de 19%. Estas geralmente ocupam áreas antes habitadas pela pecuária de corte e, apesar do rebanho gaúcho não diminuir expressivamente, isso significa que as áreas para a criação estão menores, implicando num esforço para gerir a produção de forma eficiente e lucrativa.
Segundo o supervisor do Senar na Região Sul, Alcides Soares, a localidade culturalmente não investe em pecuária tanto quanto vem investindo em áreas como soja, por exemplo, sendo que, tradicionalmente criador de gado, o Estado precisa despertar para os excelentes resultados que a pesquisa e ensino locais têm encontrado em experiências com criação de terneiros.
O ciclo de debates, que começou em outubro de 2012 em Santa Maria, encerra as discussões do tema do Fórum Permanente do Agronegócio com a 56ª etapa em Pelotas. Na segunda-feira (16) foram visitadas as propriedades Paraíso em Herval e Granja Santa Silvana e Capão Redondo em Pedro Osório.
Nesta terça-feira (17), na Casa da Amizade da Associação Rural de Pelotas, foram discutidos painéis sobre como produzir mais e melhores terneiros, com o professor José Fernando Lobato, do departamento de zootecnia da UFRGS, sobre a utilização dos suplementos na criação de terneiras com a professora Lucina Pötter, do departamento de zootecnia da UFSM e sobre o melhoramento genético na produção de bovinos de corte com o doutor Vanderlei Roso da Genesys Consultores Associados.
Também foram tratadas as experiências com a análise de rentabilidade para pecuária de corte, alternativas tecnológicas para o incremento na competitividade da pecuária, desmame precoce e forrageiras de verão em sistemas lavoura-pecuária, tratados respectivamente pelo economista da Farsul Antônio Luz, produtor Juan de Lima, do Uruguai, professor Ricardo Zambada Vaz, do departamento de zootecnia da UFPel, e pesquisador da Embrapa Clima Temperado Jamir Silva.
"O objetivo é levar a informação existente em uma linguagem que o produtor entenda, mostrando como ele pode alcançar melhores índices", afirma o chefe da divisão técnica do Senar, João Augusto Telles.
Ao todo foram sete encontros com o tema De onde virão os terneiros?, em 21 propriedades, via 100 sindicatos de criadores do Estado envolvendo mais de 2.200 produtores em seminários e 1.600 em dias de campo. Ao final do fórum, será elaborado documento com as conclusões de todos os outros debates. Este ciclo do Fórum Permanente é uma promoção do Sistema Farsul em parceria com a Zero Hora - Caderno Campo e Lavoura.
Suplemento de terneiras
O desenvolvimento dos terneiros, tanto machos quanto fêmeas, desde o nascimento tem sido foco dos estudos para melhorar ganho de peso, que refletirá em produtividade de quilos de carne por hectare.
No Rio Grande do Sul a população de novilhas até 24 meses de idade é de 3 milhões de animais, sendo de grande importância criá-las com olhos para serem futuras mães de terneiros, com escore corporal suficiente para entrarem no cio precocemente.
Para isso a doutora em zootecnia, Luciana Pötter, mostrou resultados do incremento em uma lotação com o suplemento alimentar em terneiras. São considerados suplementos o farelo de arroz, farelo de soja, farelo de trigo, milho ou sorgo, entre outros complementos alimentares.
Num dos estudos em questão foram testadas taxas de suplementação de farelo de arroz com polpa cítrica e pastagem hibernal. Em 119 dias, com 0,85% do peso vivo em suplementos, os animais apresentaram ganho de peso e 956 gramas ao dia, sendo que sem suplemento, somente com pastagens cultivadas, podem atingir 798 gramas ao dia.
O ganho de peso é importante para a terneira alcançar a puberdade. Com cerca de 14 meses deve estar com 60% a 70% do peso adulto. Em um dos testes, cerca de 14% das terneiras alcançaram o cio precocemente, sendo que sem suplemento esta média é de 9%. A suplementação pode variar de acordo com o cálculo que se pretende programar a prenhez das vacas, dando ao pecuarista condições de planejar e optar pela escolha dos animais com melhor resposta de desenvolvimento à alimentação, que poderá se repetir nos futuros terneiros para abate.
Situação atual
Segundo informativo conjuntural da Emater/RS Regional Pelotas na última semana os animais estão apresentando bom estado corporal, em função do campo nativo estar com boa produção de forragem, devido ao clima ocorrido. Porém em alguns municípios, como Santana da Boa Vista o período com baixo índice de precipitação pluviométrica já não favorece tanto o desenvolvimento do campo nativo, bem como o estabelecimento de pastagens cultivadas.
No início da temporada reprodutiva, tanto monta natural como inseminação, bovinos da região estão em geral com boa intensidade de cio. Em Arroio Grande os preços do boi gordo e vaca gorda aumentaram significativamente nos últimos dias em função da diminuição na oferta.
Propriedades de Herval e Pedro Osório foram presentadas pelo Senar como bons exemplos em criação de terneiros (Foto: Divulgação DP)

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